Quando o peregrino adquire o hábito de tentar sempre realizar a ação correta, as suas emoções passam a distorcer cada vez menos a percepção da realidade e ele avança com firmeza montanha acima.
É possível dizer que, enquanto a carreta avança pela estrada, as abóboras - as coisas menores - vão-se acomodando naturalmente. O caminho pode ser estreito e íngreme, mas é sólido. É durável.
Nesta metáfora do aprendizado, o eu inferior é simbolizado pela carreta, e corresponde ao corpo, e pelo touro, símbolo da vontade ou emoção que movimenta a carreta. A emoção deve ser estável, é claro, para que o rumo seja constante. Já o eu superior é simbolizado pelo passageiro da viagem. Ele depende da lealdade do eu inferior para agir e seguir em frente. Em condições adequadas, o eu superior dirige o Touro. Para o animal sábio, a voz do dono é a voz da sua própria consciência.
A viagem montanha acima diz respeito ao aprendizado de uma encarnação. Trata-se da viagem de uma só vida, porque o indivíduo total que trilha o caminho não se repetirá: na próxima encarnação o eu inferior (carreta + touro) será outro. Cada indivíduo humano inclui, pois, todos os elementos desta imagem simbólica. A carreta, o touro, o passageiro, as abóboras (seus registros cármicos ou skandhas), e até o caminho - tudo isso faz parte do ser complexo que constrói e interpreta uma trama de vida sob inspiração do eu superior.
Uma vida humana é uma combinação mais ou menos instável, às vezes tênue, de alguns elementos que são permanentes, ou espirituais, e outros elementos que são provisórios, ou materiais. O aprendizado consiste em transferir o foco de consciência daquilo que é secundário para o que é essencial, e em colocar tudo o que é provisório a serviço do que é eterno. Os testes, obstáculos e solavancos, fazem parte da viagem morro acima.
(Autor desconhecido)